sexta-feira, 29 de julho de 2011

Nasce Heitor, o mais novo Meliponicultor


Na manhã do último dia 19 de julho, ainda bem cedo, sou surpreendido pela minha esposa com a informação que a bolsa tinha estourado. Imediatamente nos dirigimos ao consultório da obstetra que confirmou as nossas supeitas.

Poucas horas depois, após uma espera angustiante estava eu com nosso garoto em meus braços, nascido de parto cesário recebeu o nome de Heitor Oliveira França (Heitor significa "aquele que guarda" e é de origem grega), nasceu com 3.1 kg, e medindo 47 cm. 


Nasceu com muita saúde e graças a Deus não tem nos dado praticamente nenhum trabalho, é calmo, dócil, quase não chora e somos nós que temos que acordá-lo na madrugada para mamar pois por ele passava a noite inteira dormindo.


Toda a minha família está muito feliz com a chegada de Heitor, principalmente as duas avós que não param de "lamber a cria". Esse aí logo logo estará comigo nos manejos com as abelhas, colhendo mel, multiplicando, alimentando etc.



Esperamos transmitir a ele todo o nosso carinho e respeito as abelhas sem ferrão. Quem sabe ele possa mais a frente dar continuidade, assim como eu tenho feito, ao trabalho iniciado pelo meu avô, ou seja, nunca deixar que a importante tradição da meliponicultura deixe de existir.



att,

Mossoró-RN, 1º de agosto de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A primeira vez a gente nunca esquece...

O fenômeno é raro e ainda bem desconhecido por grande parte dos meliponicultores e pesquisadores. A coisa começa de forma lenta mas bem organizada. A impressão de quem assiste pela primeira vez é que elas praticamente recebem uma ordem sobrenatural e de uma só vez saem todas de suas caixas e vão se aglomerando numa grande bola de abelhas.


A revoada das uruçus (melipona scutellaris) é algo intrigante. Já tinha lido e ouvido vários relatos sobre esse comportamento típico dessa espécie, mas nunca tinha presenciado pessoalmente. Confesso que fiquei paralisado e ao mesmo tempo assustado pois nunca tinha visto tantas abelhas juntas em plena harmonia na vida.


O processo começou pela manhã bem cedo, confesso que ao chegar no meliponário não notei nada diferente, mas percebi que as abelhas estão fazendo um barulho muito alto na entrada das colônias. A princípio pensei que fosse uma tentativa das abelhas em aquecer a caixa pois pela manhã faz um certo frio devido a elevada umidade do litoral.


Mas do nada as abelhas uruçus começaram a sair um atrás da outra de forma muito bem organizada de todas as caixas. Pensei logo em briga, mas logo mudei de opinião ao perceber que todas estavam magicamente alinhadas e apenas sobrevoando todo o meliponário. 


Nesse instante percebi que era uma revoada. Corri o mais rápido que pude e peguei a máquina fotográfica para registrar esse momento raro que todo criador espera por acontecer. O mais interessante é observar o alinhamento e o distanciamento que cada abelha faz da sua vizinha, a coisa é tão bem organizada que parece que são regidas por uma batuta de algum maestro invisível.



A coisa demorou cerca de 10 minutos e do mesmo modo que começou terminou com todas as abelhas entrando em suas respectivas caixas de forma lenta e organizada, sem brigas e discordâncias. Esse espetáculo raro da natureza ainda é cheio de mistérios e curiosidades. Nem mesmo os mais experientes pesquisadores sabem ao certo o porquê desse fenômeno, o que se sabe é que só acontece em aglomerados de colônias fortes. Isso eu realmente tenho que concordar pois todas as minhas 20 caixas de uruçu estão em plena forma, há enxames que de tão forte passaram até a beliscar, coisa rara pois são abelhas muito dóceis.

A cada dia eu me surpreendo com essa espécie, o grande pai da Meliponicultura, o Prof. Paulo Nogueira Neto já dizia que essa era a única abelha a poder um dia competir com a Apis Melifera. Espero que alguém posso algum dia decifrar o real significado desse encontro de abelhas tão bem orquestrado. De concreto só temos uma certeza, há de existir algum toque divino em tudo isso.

att,

Mossoró-RN, em 11 de julho de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão  
  

terça-feira, 5 de julho de 2011

Contagem regressiva...

As madrugadas tem se tornado mais longas, parece que os dias demoram a passar. A anciosidade tem sido minha companheira nesses últimos tempos. Mas tudo isso tem uma explicação, é que eu e minha esposa estamos praticamente contando nos dedos os dias que faltam para o nascimento de mais um meliponicultor, nosso filho Heitor.


Ele ainda está no "forno" e a 8 meses e meio vem crescendo com muita saúde, já sou pai de uma linda garotinha de 6 anos e já sei bem exatamente o que me espera nos próximos dias, meses e anos seguintes. Vão as noites de sono profundo e ficam os lampejos de cochilos acompanhados de ritual de choro e fraudas...


Mas quem disse que isso é problema? A vida é assim mesmo, ontem filhos, hoje pais, amanhã avós... Só espero conseguir transmitir a eles os mesmos valores nos quais fui criado, pois no final é isso que realmente importa.


E se Deus assim nos permitir quem sabe a gente possa plantar em todos eles o amor que temos pelas abelhas, seria um imenso prazer pra mim poder alimentá-las com eles, fazer uma divisão, ensiná-los a importância de cada abelhinha dessa para as nossas vidas. Enfim, ensiná-los a viver junto com as abelhas e em consonância com Deus.

att,

Mossoró-RN, em 05 de julho de 2011.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão