quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mexendo no que estava quieto

Depois que eu inventei de "bulir" no que estava quieto a minha paz, literalmente, se acabou.

Há uns 15 dias atrás eu inventei de abrir uma caixa de abelha da espécie Cupira (partamona seridoensis). Acontece que faz quase um ano que venho mantendo essa colônia junto com as Jandaíras e nunca tive problemas, convivem em harmonia sem nunca eu ter observado nenhum comportamento agressivo entre elas.

(caixa matriz de cupira)

Mas, mesmo tendo passado todo esse tempo, eu nunca tinha aberto essa colônia. O fato é que a curiosidade foi aumentando, aumentando, aumentando até que na data acima informada eu criei coragem para abrir a caixa.

Digo coragem porque essa espécie de abelha é muito, mas muito defensiva, nem precisa bater na caixa para que elas passem a se enrolar no cabelo, bem como beliscar, as centenas, em todos os cantos possíveis.


E o pior de tudo, eu abri a bendita caixa sem nenhuma proteção, mesmo eu tendo um capuz de apicultor, que me protegeria de forma segura. Ao abrir a caixa percebi de cara o porquê de tamanha agressividade. A colônia estava repleta de muitos discos de cria e milhares de abelhas, me parece que estavam prestes a enxamear.

O fato que ao abrir eu discolei muitos discos velhos e a caixa não fechava mais da maneira que se encontrava, principalmente pelo fato dessa caixa ser muito rústica e com muito barro. Agora imaginem o meu sufoco ao perceber que a caixa não fechava, nessa hora eu já estava completamente tomado por abelhas pretas em todo o cabelo, o pior lugar das beliscadas eram as minhas sobrancelhas, parece que elas sabem que ali é o lugar mais doloroso.

Na hora do desespero tive uma idéia que era a única racional (depois de fazer a burrada) em mente, dividir a colônia. Rapidamente peguei uma caixa vazia e fui colocando muita cera, um pouco de barro e vários discos de cria, bem como alguns potinhos de mel que tinham si rompido.

(Novos potes)

Por fim, eu fechei a caixa e coloquei no lugar que estava a caixa mãe. Pronto! Tinha feito a divisão. As abelhas rapidamente aceitaram a nova colônia e imediatamente passaram a construir a nova entrada.

No final de toda essa operação de guerra, eu estava coberto com abelhas pregadas em todos os cantos do corpo, pena foi não ter tirado uma foto da minha situação pois tenho certeza que vocês iriam rir.

Eu pensei que após toda essa correria a minha curiosidade sussegaria, enganei-me por completo. Agora ficou pior pois eu simplesmente não consigo reconhecer as castas dessa espécie com a mesma facilidade que reconheço das demais.

(ninho da caixa filha com postura nova)

Há dias venho procurando pela rainha desse enxame de Cupira, pois como podemos observar em detalhe já há uma postura nova e regular bem no meio do ninho, fora que há diversas inter-castas nessa espécie que estão me deixando ainda mais curioso para saber quem é quem nessa história.

(entrada da caixa filha)

Outra coisa curiosa é entrada, isso não me parece entrada de Cupira, mas sim a entrada da abelha Boca de Sapo (partamona helleri). Bem, o fato é que eu passei a observá-las com mais atenção, estou quase colocando uma tela transparente para realizar algumas observações noturnas, acho que vai acabar acontecendo isso viu...

att,

Mossoró-RN, em 24 de fevereiro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

Um comentário:

  1. Caro companheiro também tive essa dificuldade, pois deve haver uma fase
    fisiológica que elas parecem ter o abdômen mais desenvolvido em minhas observações, penso ser quando elas são construtoras por isso ficam mais "gorduchinhas" para produzir cera, no inicio pensei se tratar de varias rainhas pois não conhecia muito a espécie.

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